Lenda da Mãe Soberana
Há duas lendas sobre a Mãe Soberana e
qualquer uma delas é o anterior ao final do século XVI.
Uma delas conta que havia uma
donzela, com cerca de quinze anos, que numa tarde, ao ir colocar umas flores
num altar que os seus pais lhe tinham mandado construir numa gruta, foi
surpreendida por um fidalgo que andava lá a rondar. Este, enamorado e endoidecido
pela beleza daquela menina de quinze anos, pretendeu abusar dela. Contudo, esta
menina resistiu à força que o fidalgo tinha e pediu fervorosamente ajuda à Virgem
da Piedade.
Nessa altura dá-se um milagre, porque a
Virgem acudiu ao pedido da donzela, que saiu ilesa. O fidalgo envergonhado,
porque no fundo era uma pessoa conhecida na terra, meteu-se no convento e
morreu frade. Assim, a fama que a santa Virgem da Piedade tinha já como
milagreira, foi de tal ordem que tomou depois nome de Soberana. Começaram a
chamar-lhe Soberana e passou, desde essa altura, a ser idolatrada.
Há uma outra lenda que refere mais o
milagre da questão da capela. Conta-se que os habitantes do concelho de Loulé
pretendiam construir a capela no sítio da gruta. Os operários responsáveis por
construir a capela deixavam, à noite, as ferramentas no local. No outro dia,
quando regressavam à gruta, ficavam espantados ao verificar que as ferramentas
desapareciam do local onde as tinham deixado e apareciam no cume do serro. Este
acontecimento repetiu-se diariamente tendo sido entendido como uma mensagem de
que a santa não queria a capela no sítio da gruta, mas sim no cimo do serro,
onde fosse vista. Assim que começou a construção da capela no serro, as
ferramentas dos trabalhadores nunca mais desapareceram.
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